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Nossa História

Presente na vida de milhões de brasileiros, seja por meio da telefonia fixa ou celular, a Oi (OIBR3;OIBR4) voltou com tudo ao noticiário por conta do julgamento da venda de sua unidade móvel aos seus três principais concorrentes: TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro, por R$ 16 bilhões.

Basicamente, o que está em jogo é a divisão entre as três – até então rivais – da fatia dos cerca de 40 milhões de clientes espalhados por todo o País. Dessa forma, quem tem um chip da Oi de celular verá sua linha migrar para TIM, Vivo ou Claro.

Por mexer diretamente com milhões de clientes e por conta dos riscos de que o mercado fique mais concentrado na mão de menos empresas é que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – órgão de defesa concorrencial – precisou dar o seu aval à venda.

O que houve com a Oi (OIBR3)?

De gigante das telecomunicações à protagonista da maior recuperação judicial do Brasil, o que aconteceu com a Oi nos últimos anos? Como a empresa conseguiu acumular uma dívida gigantesca e cometer tantos erros no negócio?

Entenda a seguir a origem da empresa, como surgiram seus problemas e os atuais desafios da empresa.

Qual a origem da Oi?

A Oi foi criada em 1998 a partir da privatização do Sistema Telebrás, operando em 64% do Brasil. Na ocasião, a cisão da Telebras deu origem à holding Tele Norte Leste Participações, que passou a se chamar Telemar.

Por meio de um consórcio, foram investidos R$ 3,4 bilhões na constituição dessa holding, que abrigava 16 empresas. Os recursos que financiaram o consórcio vieram de fundos de pensão e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). Basicamente, era como se o BNDES e os fundos de pensão fossem, ao mesmo tempo, acionistas e credores da nova companhia.

Como foi a expansão das atividades?

O consórcio passou a adquirir outras empresas do setor, a fim de ampliar a participação da operadora no mercado. Com a ascensão da telefonia móvel, a empresa passou a investir nesse setor em 2002, com a marca Oi.

Em 2007, foi finalmente extinta a marca Telemar, e todos os negócios da companhia passaram a funcionar sob a marca Oi. 

Para que se tornasse gigante, a Oi recebeu uma série de investimentos, entre os quais um considerável volume de recursos do Estado. Nesse sentido, o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica realizaram aportes nas ações do grupo em 2008.

Com o objetivo de continuar crescendo, o consórcio seguiu comprando outras empresas. Porém, muitas delas só tinham dívidas e fracos resultados.

Um dos exemplos é a Pegasus, provedora de serviços de dados que tinha em seu quadro societário três empresas que adquiriram a Telemar na época da privatização: Andrade Gutierrez, La Fonte e GP. Na ocasião, a Telemar comprou a Pegasus por R$ 335,8 milhões e ainda assumiu uma dívida de R$ 339,1 milhões. Segundo a holding, o objetivo da compra era transformar a operadora de telefonia fixa em uma prestadora de serviços de voz para clientes empresariais.

Em 2009, mais uma negociação, dessa vez gigante, contribuiu para a expansão da Oi: a operadora comprou a Brasil Telecom por R$ 5,8 bilhões. Na ocasião, o valor foi considerado acima do mercado, mas foi dessa forma que a companhia passou a atuar em todo o Brasil.

Em 2013, foi anunciada a fusão com a Portugal Telecom, com o objetivo de criar uma empresa multinacional de telecomunicações. No entanto, os efeitos dessa negociação foram desastrosos para a saúde financeira da Oi, conforme veremos a seguir.

Quando começaram os seus problemas?

Muitas das aquisições realizadas pela Oi não foram um bom negócio para a operação como um todo. Ao contrário, entre os investimentos havia empresas com elevadas dívidas e resultados inconstantes, e isso contribuiu para a atual dívida bilionária da companhia.

A própria Brasil Telecom já estava endividada quando a Oi a comprou. Inclusive, na época da negociação, o mercado especulava que ambas poderiam ser adquiridas por grupos estrangeiros, pois a Oi era forte no Norte, Nordeste e Sudeste, e a Brasil Telecom, no Sul e Centro-Oeste.

No entanto, os problemas da Oi se agravaram mesmo quando ela não recebeu os R$ 3,2 bilhões previstos na fusão com a Portugal Telecom. Isso porque os recursos estavam aplicados em títulos podres em uma subsidiária do banco português Espírito Santo, que quebrou pouco tempo depois da fusão entre as duas empresas. Ou seja, o dinheiro da negociação nunca entrou no caixa da Oi, e ambas as empresas tiveram problemas.

Segundo Fabiano Vaz, analista da Nord Research, na época dessa negociação, nem a Oi nem a Portugal Telecom estavam em boas condições financeiras. “A Portugal Telecom era uma empresa muito grande e com um histórico bem ruim de resultados. Dessa forma, a Oi acabou adquirindo uma empresa com os mesmos problemas dela, o que só aumentou o tamanho do próprio problema”, avalia Vaz.

Outro erro da companhia foi ter investido também em empresas com foco em negócios que não faziam sentido para a operação. Nesse caso, Vaz destaca a participação da Oi na subsidiária Africatel, que foi vendida para uma petroleira angolana por US$ 1 bilhão.

“A Oi ficou do tamanho que é hoje por causa dessas aquisições, e nem todas foram bons negócios. Hoje a companhia ainda está pagando o preço desses investimentos ruins”, conclui o analista da Nord.

Por que a empresa entrou em recuperação judicial?

Com incentivos públicos e dinheiro em caixa, a companhia realizou diversas aquisições que criaram uma “super tele”, mas comprometeram a sua saúde financeira. Segundo analistas, a ideia da super tele era promissora, pois a Oi dominava uma grande área no país. O problema foram as dívidas, que cresceram de forma exorbitante por conta das aquisições e sangraram o caixa da companhia. 

Outro motivo que contribuiu para a atual situação da Oi é o fato de muitos clientes terem deixado de utilizar a telefonia fixa. Isso fez com que a empresa, que era a maior operadora de telefone fixo do Brasil, perdesse boa parte de sua receita.

Por fim, a companhia tem dívidas também junto a Anatel, devido a multas por reclamações de clientes e má prestação de serviços.

Em setembro de 2016, com uma dívida de R$ 65 bilhões, a Oi teve aprovado o seu plano de recuperação judicial, o maior já visto no Brasil até hoje. Na assembleia, ficou definido que a companhia seria dividida em quatro partes: torres, ativos móveis, data center e fibra ótica.

O objetivo da recuperação judicial é permitir que a empresa continue a prestar serviços enquanto renegocia as suas dívidas. Dessa forma, o negócio se mantém ativo e os clientes não sofrem prejuízos.

Como está esse processo?

fim da recuperação judicial da Oi estava previsto para outubro de 2021, mas foi adiado pela justiça. Atualmente, a expectativa é de que o processo termine em 30 de março de 2022, justamente porque a companhia precisa concluir a venda de ativos.

A princípio, a empresa tem conseguido fazer o dever de casa. Em 2019, conseguiu aumentar o capital social em R$ 4 bilhões, conforme previsto no plano de recuperação judicial.

Em dezembro de 2020, a Oi vendeu a sua operação de telefonia móvel, medida que estava contemplada no plano de recuperação judicial. Quem arrematou os ativos foi um consórcio formado pela Claro, TIM e Telefônica, no valor de R$ 16,5 bilhões.

A transação teve a anuência prévia da Anatel e precisava ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o que aconteceu nesta quarta-feira (9). Mas ainda pode haver alguns entraves nesse processo.

O Ministério Público Federal se manifestou contrário ao aval do Cade por “violações à concorrência”. O representante do MPF no Cade, Waldir Alves, também quer que o conselho apure se houve “conduta concertada entre as concorrentes e eventuais práticas exclusionárias”, o que poderia levar à anulação da operação.

Em entrevista ao portal UOL, Waldir Alves afirmou que TIM, Vivo e Claro deveriam ter avisado o Cade em julho de 2020, quando firmaram um contrato. Porém, a notificação ao órgão só veio em 8 de fevereiro de 2021, já para analisar a compra dos ativos da Oi pelas três empresas.

As operadoras negam que tenham constituído um consórcio

E quais as perspectivas para a Oi?

A expectativa é de que, com a conclusão da venda da Oi Móvel, a companhia comece a ganhar algum folego para reestruturar sua dívida. “Não que essa venda vá resolver todos os problemas da Oi, pois ela continuará muito alavancada. Mas terá uma estrutura de capital mais saudável para dar mais foco à expansão da fibra” avalia Fabiano Vaz.

O analista ressalta ainda o baixo valor de mercado da companhia hoje, principalmente comparado a outros ativos. “Não faz sentido a Oi valer hoje menos de R$ 5 bilhões e sua ex-subsidiária, a InfraCo (vendida em 2021), valer R$ 8 bilhões”, observa. 

Fonte: Infomoney

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